segunda-feira, 31 de maio de 2010

Uma andarilha paraense, por Lígia Bernar

Gosto de desafios. Desafio, no sentido de não ter medo de arriscar, de inovar, de começar uma nova vida. E isso acontece comigo, sempre que não me sinto parte de algo, quando não estou mais satisfeita com o rumo que a minha vida está tomando. E foi pensando nisso, que resolvi, largar trabalho, amigos e família para tentar uma nova vida aqui na cidade grande, essa megalópole que assusta e encanta ao mesmo tempo.

Sou de Belém do Pará, nascida e criada às margens do rio Guamá. Para muitos, quando falo que sou de Belém, (minhas conterrâneas e colegas de classe, podem concordar ou discordar), as pessoas se espantam, “Nossa, é longe né?” Me sinto quase, uma extraterreste recém chegada à Terra. Mas como todo bom paraense e já sabemos do desconhecimento da maioria das pessoas sobre como é a região Norte do país, até porque os governantes das bandas de lá não ajudam muito, para que o restante do país saiba que existimos. E respondo, “Sim, sou de lá, a terra das mangueiras e do calor infernal”, nunca falo sobre o Calypso, não considero um bom motivo para se orgulhar (gosto é gosto, mas eu prefiro omitir essa informação, se me permitem).

Durante toda minha vida escolar sonhava em prestar vestibular em São Paulo. Tive sempre uma boa relação com a cidade. Meu pai nasceu aqui, em São Paulo. E como apaixonado que é, sempre me contava das lembranças felizes que ele tinha da infância paulistana. E nas férias de dezembro, sempre passávamos aqui. Mas com os percursos da vida, não consegui prestar vestibular em São Paulo. Só realizei meu sonho quando passei na pós e na Usp. Eu queria ter feito meu curso de jornalismo na Usp. Mas do mesmo modo, me sinto muito realizada por estar aqui e estudando na Universidade de São Paulo.

Quando me mudei para cá, não tinha certeza se passaria na pós ou não, porque o resultado ainda não tinha saído. E isso me angustiou tanto. Porque pensava assim, larguei trabalho, amigos, família, para vir para cá, em busca de maior aprimoramento profissional, cultural e pessoal e além de tudo, uma oportunidade de emprego, para ser mais uma no meio da multidão que procura emprego. Tinha que ter pelo menos a segurança de fazer a pós, caso contrário, minha vinda para cá, não teria sentido algum.

E quando veio o resultado, a ansiedade era tanta, que não conseguia abrir o email. Tive que pedir para minha amiga ver. E depois que ela disse que tinha passado, não acreditava e fui ver o meu nome. E quando o vi, escrito direitinho, fiquei aliviada e muito feliz. Pelo menos, a primeira parte do meu desafio estava cumprida.

A segunda parte está se encaminhando. Mas o melhor mesmo, foi ter conhecido cada um de vocês. Ter reencontrado uma amiga que estudou comigo na 4ª série do Ensino Fundamental que há tempos não via. E saber que essa pós Mídia, informação e cultura, será muito mais que um aprendizado acadêmico, o que todos procuramos. E que só a diversidade de pessoas e conteúdos que encontramos na nossa sala já é uma grande aula, uma aula da vida.

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