quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Arte e tecnologia comemoram 50 anos de história

Exposições "Tékhne" e "Memórias Reveladas" marcam os 50 anos do Museu de Arte Brasileira e a criação do Centro de Memória da FAAP, integrando tradição e tecnologia no ensino e apreciação das artes



História, interatividade e inovação. É nesse contexto que o Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Alvares Penteado (MAB-FAAP) completa seu cinquentenário. A comemoração tem início em 14 de setembro, quando o Salão Cultural e a Sala Annie Alvares Penteado recebem duas grandes exposições: a multimídia "Tékhne", que revisita as principais mostras de arte tecnológica realizadas pelo MAB-FAAP e apresenta obras inéditas de renomados artistas da contemporaneidade; e "Memórias Reveladas", que resgata por meio de recursos visuais o processo de construção da faculdade de artes plásticas, além de homenagear os grandes artistas que contribuíram para sua consolidação. Holografias das principais peças encenadas pelos artistas no Teatro FAAP integram a exposição.

A concepção das exposições teve início há um ano e meio, quando a FAAP deu início à criação do Centro de Memória da instituição, sendo Denise Mattar a coordenadora do trabalho de pesquisa dentro e fora da Fundação. Foram coletadas fotos, documentos, cartas, fichas de professores, de alunos, de exposições e peças de teatro que resultou na publicação de três livros que complementam as comemorações: Arte Brasileira: 50 exposições do MAB-FAAP, com textos das críticas de arte Angélica Moraes e Fernanda Lopes, e da curadora; Teatro FAAP - A História em Cena, escrito pelo crítico de teatro Valmir Santos; e Memórias Reveladas - A atuação cultural da FAAP, que traz a cronologia da construção do Museu de Arte Brasileira, o convênio estabelecido com o MASP, na década de 1950, a transformação da Escola de Artes em Faculdade de Artes Plásticas, nos anos 1970, e os principais acontecimentos que atribuíram à FAAP o reconhecimento na formação de jovens artistas.

Tékhne: Maestria e Convergência
Denominada Tékhne - palavra grega para artes plásticas que significa destreza e maestria - a exposição discute a importância da convergência entre arte e tecnologia. A mostra, que homenageia o crítico de arte Walter Zanini, precursor no apoio à arte e tecnologia, é dividida em dois núcleos - Histórico e Contemporâneo - e reúne trabalhos desde a década de 1960 até os dias atuais.

No Núcleo Histórico, a exposição possibilita revisitar cinco principais mostras de tecnologia realizadas pelo MAB-FAAP entre 1964 e 1986 que foram pioneiras na apresentação desse tema no Brasil.

A primeira mostra a ser revisitada é "A Instabilidade", de 1964, que integrou a III Bienal de Paris de 1963. Realizada pelo Grupo G.R.A.V - Grupo de Pesquisa de Arte Visual, a exposição surpreendeu artistas e críticos da época por propor a investigação do processo criativo e participação do espectador. Em Tékhne, será reapresentada a instalação "Lumière em Mouvement" de Julio Le Parc, cujas luzes mágicas se movem de acordo com os visitantes.

A exposição "Arteônica", de 1971, é a segunda a ser revisitada em Tékhne. Com curadoria de Waldemar Cordeiro (1925-1973), foi uma das primeiras exposições de computer art organizada em São Paulo. Nessa mostra serão apresentadas as obras de Cordeiro que integraram a exposição original, e um conjunto de dez obras que homenageia o artista, mapeando sua produção do período.

O artista Julio Plaza, espanhol naturalizado brasileiro, de grande importância para a arte multimídia, será homenageado em Tékhne com a recriação da peça La Diferencia, de 1981, apresentada na Bienal de São Paulo daquele ano. Também serão exibidos seus vídeo-poemas com o poeta Augusto de Campos.

"O Objeto na Arte - Brasil anos 60", realizada em 1978, é a terceira exposição destacada em Tékhne. Com curadoria de Daisy Peccinini, a mostra apontava diferentes procedências para a produção múltipla e heterogênea das manifestações consideradas como objeto.

Nessa exposição serão reapresentadas obras de grandes artistas, como Antonio Manuel, Wesley Duke Lee, Abraham Palatnik, Cildo Meireles, Fajardo e Lygia Pape.

Realizada em 1985, com curadoria de Daisy Peccinini, a exposição "Arte novos meios/multimeios: Brasil 70/80", dava continuidade à discussão sobre o objeto no campo artístico. Tratava-se da primeira tentativa de reunir em um mesmo espaço um amplo levantamento de manifestações de arte que se expressavam através de meios não tradicionais. A mostra incluía arte-postal, xerox-arte, vídeo arte, videotexto, holografias, entre outros. Em Tékhne serão apresentadas obras de Analivia Cordeiro, José Roberto Aguilar, Paulo Bruscky e Regina Vater, Regina Silveira, Anna Bella Geiger, Cildo Meireles, Otavio Donasci, Fernando Cochiaralle, Nelson Leirner, Hudinilson Jr., Bené Fonteles, Leonardo Duch, Paulo Klein, Moyses Baumstein e Carmela Gross.

A última exposição do Núcleo Histórico é de 1986: o Projeto Vermelho. A ideia partiu de Bruno Talpo e também teve curadoria de Daisy Peccinini. A experiência teve caráter inovador ao apresentar instalações sobre a cor vermelha, a maior parte delas especialmente produzidas para a mostra. Dessa exposição serão apresentadas obras de Betty Leirner, os hologramas de Moyses Baumstein, e foto da obra de Ana Maria Tavares.

O Núcleo Contemporâneo traz o levantamento das obras que relacionam arte e tecnologia desde 1986, apresentando as grandes transformações tecnológicas, desde o advento da internet, criação de programas de edição de imagens e outros mecanismos que vêm influenciando a sociedade como um todo, inclusive a produção artística. Nesse núcleo serão apresentadas obras de 11 artistas: Amélia Toledo, Regina Silveira, Anaísa Franco, Ana Maria Tavares, Caetano Dias, Alexandre Rangel e Rodrigo Paglieri, Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti, luiz duVa, Lucas Bambozzi, Karina Dias e Denise Agassi.

Como tudo começou
Uma cascata virtual com os nomes de diretores, professores e alunos que passaram pela Fundação recebe os visitantes da exposição Memórias Reveladas. A mostra conta a história do ensino das artes na FAAP, desde os cursos livres, quando era conhecida como Instituto de Arte Contemporânea (IAC), em 1958, até a transformação em Faculdade de Artes Plásticas, na década de 1970, chegando aos dias atuais.

A mostra é dividida em seções que contam a trajetória da Fundação no âmbito das artes visuais e, posteriormente, cênicas, com a construção do Teatro FAAP, em 1976. A cronologia que circunda a exposição é ilustrada pela projeção de imagens em uma parede de 12 metros dos principais acontecimentos, como a construção do prédio principal, a composição dos vitrais, os primeiros ateliês, visitantes famosos na década de 1950 e as exposições e eventos marcantes.

Os principais artistas da história da arte brasileira passaram pela Fundação, tanto como professores quanto como alunos, como Flávio Motta, Clóvis Graciano, Darel, Caciporé Torres, Amélia Toledo, Julio Plaza, Regina Silveira, Walter Zanini, Leda Catunda, Sergio Romagnolo, Jac Leirner, Felipe Chaimovich, Marcos Moraes, Maria Izabel Branco Ribeiro, Pazé, Rodolpho Parigi, entre muitos outros.

Memórias reveladas dedica uma área à Residência Artística FAAP e à Cité des Arts - estúdio mantido pela Fundação em Paris que já abrigou 25 artistas brasileiros, entre ex-alunos e professores, para complementar estudos e desenvolver projetos artísticos ao longo de seis meses.

Em uma área específica para o Museu de Arte Brasileira é possível apreciar as obras de grandes artistas pertencentes ao acervo, como Candido Portinari, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Alberto da Veiga Guignard, Alfredo Volpi, Anita Malfatti, Antonio Gomide, Cícero Dias, Clovis Graciano, Flávio de Carvalho, José Pancetti, Lasar Segall, Ernesto De Fiori, entre outros.

Na seção que conta a história do Teatro FAAP, foram produzidas holografias (vídeos com representação de imagem em terceira dimensão) especialmente para a mostra, com trechos das peças encenadas por Marília Pêra (Madame Chanel), Christiane Torloni (Joana Dark), Gloria Menezes (Ensina-me a viver), Irene Ravache (De Braços Abertos), Ana Botafogo (Três Momentos do Amor), Marco Ricca (Ricardo III), Sérgio Mamberti (O Bailado do Deus Morto), Rodrigo Lombardi e Fúlvio Stefanini (A Grande Volta), Cintia e Débora Falabella (A serpente).

No meio do salão estará instalado o Centro de Memória, que reúne depoimentos de artistas como Hebe de Carvalho, Yolanda Bessa, Regina Silveira, Leda Catunda, Ana Maria Tavares, Caciporé Torres, Vlavianos e apresenta também objetos de época, e catálogos (esgotados) para consulta virtual.

Com curadoria de Denise Mattar, referência nas artes visuais brasileiras, e cenografia de Guilherme Isnard, ambas as mostras foram ambientadas em espaços lúdicos e criativos, permitindo aos visitantes interagir com as obras e vivenciar novas experiências.

As exposições serão abertas ao público no dia 14 de setembro no Museu de Arte Brasileira da FAAP. Gratuitas, permanecem em cartaz em períodos diferentes. Tékhne encerra visitação em 14 de novembro e Memórias Reveladas no dia 12 de dezembro. O Museu de Arte Brasileira está localizado à Rua Alagoas, 903 - Higienópolis e as visitas podem ser realizadas de terça a sexta-feira, das 10h00 às 20h00 e aos sábados, domingos e feriados, das 13h00 às 17h00. Informações pelo telefone (11) 3662-7198.

Tome nota:
Exposições "Memórias Reveladas" e "Tékhne"
ENTRADA FRANCA
Período de visitação: Tékhne: de 14/09 a 14/11
Memórias Reveladas: de 14/09 a 12/12
Horário: de terça a sexta-feira, das 10h00 às 20h00 / sábados, domingos e feriados, das 13h00 às 17h00
Local: Museu de Arte Brasileira (MAB-FAAP)
Endereço: Rua Alagoas, 903 - Higienópolis
Informações: (11) 3662-7198
Agendamento de visitas educativas: (11) 3662-7200

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